Feb 20, 2008

3 birras 3 sestas

já nem ligo, ou melhor ligo, perco o controlo, fico fula, finjo que não oiço, fico com peso na consciência.

que caramba, que caramba, que caramba.

chora, grita, esperneia, põe-se roxa, faz a "ponte" (literalmente), esperneia, adormece.

acorda.

ri, ri, ri, irrita-se, irrita-se.

chora, grita, esperneia, põe-se roxa, faz a "ponte" (literalmente), esperneia, adormece.

acorda.

ri, ri, ri, irrita-se, irrita-se.

chora, grita, esperneia, põe-se roxa, faz a "ponte" (literalmente), esperneia, adormece.

acorda. ri, ri, ri, irrita-se, irrita-se.

e eu estou a ficar careca, CARECA.
os meus cabelos estão lentamente a partir para outro mundo em tufos cada vez mais gigantes.
e os cabelos brancos são uma realidade assustadora.

já estou em tratamento.
um horror.

e gorda.
e chateada.
e com uma falta de estilo que "Deus me livre".
e chata.
e a eterna falta de paciência (que toda a gente dizia que ía deixar de ter mal a R. nascesse, pois!)

sou mãe há quase 5 meses.
há 14 meses o meu corpo deixou de ser meu.
a minha vontade deixou de ser minha.

onde é que eu estou?
já não me encontro.

Feb 15, 2008

pragas

a roupa suja, a roupa por passar, a roupa passada por arrumar, a roupa lavada, a roupa lavada por estender, a roupa seca por apanhar, a roupa enrudilhada na gaveta, a roupa ao pendurão nos cabides, a roupa que tem vida própria e não há maneira de desandar de cima das cadeiras, a roupa que ninguém usa - nunca mais vai usar mas não dá a ninguém nem deita fora nem queima na marquise ( um dia vamos ter um lindo terraço e não uma gaiola ilegal) - a roupa da criança, muito pequenina mas às remessas por todo o lado (e louca da mãe lá foi comprar, gastar um dinheirão, em mais mini roupas), a senhora da roupa que aparece para a levar e de repente já está de volta com a roupa passada (e que vem sempre às 21h, quando a Migalha já está quase a dormir e carrega na campainha como se o mundo fosse acabar!?), e tudo este desabafo para não falar de meias, sobretudo as que o G. usa com os fatos... todas iguais (sim, compra sempre iguais ou muito idênticas, na mesma côr, da mesma marca), e é minha a tarefa de as juntar em pares e dobrá-las (muitas, todas iguais, compridas como lombrigas gordas, um stress).

as vizinhas, que eu nem sequer conheço, nunca vi, que vêm a correr para o carrinho da Migalha, olhar para ela, mandar-lhe gafanhotos em cima, gritar-lhe palavras desconexas e lamechas ou então gritos de glória "É uma meninaaaaaaaaa", "olá princesaaaaaa" (uma das coisas que mais me irrita é esta mania dos princípes e das princesas), ai ai.

Feb 13, 2008

espirros, gafanhotos e sopa de cenoura

quem é que se lembrou que a sopa de cenoura era boa para os bébés?
não se lembrou que a meio pode haver espirros e gafanhotos cor de laranja por todo o lado, pois não?

a migalha espirra sempre 3 vezes a meio da sopa, e de vez em quando relincha bluuurrrrrrrrrr e eu fico às bolinhas cor de laranja.

e rimos muito as duas.

está a dormir a sesta, depois de um prato de sopa e 3 colheres de pêra cozida.

silêncio absoluto cá em casa.

a maquineta da chicco é muito jeitosa.

até gosto de fazer sopa.

qualquer dia faço lá uma para mim.

Feb 12, 2008

um desejo

e agora o que é que eu faço a todos os meus desejos, tipo casa nova, carro novo, muitas viagens, muito de muito?
quando a única coisa que realmente desejo é que a Migalha coma a sopa com calma, eu já só peço calma.
estou reduzida a um mini pratinho de sopa, com uma mini colherzinha, para convencer uma mini menina a comer mais do que só um mini pedacinho.

estou com uma "mini pachorra" para isto.

não é fácil não.

esta miúda vai começar é a ficar de castigo, tipo: "quando me vieres pedir para sair à noite, azar... tivesses comido a sopa toda aos 4 meses!!!"

Feb 11, 2008

o susto

o horror, o drama.

hoje já posso brincar com a situação.

ontem a Migalha caiu.

literalmente, de testa ao chão!

conseguem imaginar o que é um bébé de 4 meses virado do avesso no chão de mosaico da cozinha e um barulho seco de testa a bater no dito?

eu e o pai ficámos para morrer...

felizmente não foi nada, a cabeça é dura.

nem um galo, nem uma marca, graças a Deus.

chorou bastante, mas também se calou depressa, e ainda comeu uma pratada de papa!

e eu é que era a chata melga que estava sempre a apertá-la nos dois lados da espreguiçadeira... restam dúvidas ?

Feb 9, 2008

eu devia ter jogado no euromilhões

ninguém ía reparar, mas eu reparei, os dois últimos posts foram escritos exactamente à mesma hora, sem intenção... um dia a seguir ao outro.
eu devia ter jogado no euromilhões.

nota: momento parvinho de hoje à noite.

Feb 8, 2008

hoje

descobri uma maneira de não perder a paciência tão facilmente.
decidi que, fosse pelo que fosse, a R. não ía "conseguir" fazer-me perder as estribeiras.
de cada vez que começava nas ladainhas, eu (senhora de uma nova paciência infinita) dizia-lhe:
- hoje não há nada que me faça perder a paciência contigo!
assim a R. ajudou-me, mais do que ela algum dia vai imaginar, a superar um dia, e a superar bem.
desta forma descobri outra coisa, para a qual tantas vezes me têm alertado, encontrei as forças necessárias na minha filha, para que o dia corresse melhor que ontem.
amanhã já só tenho que me lembrar desta inspiração.
e deu mesmo resultado.

outra coisa que descobri (e um bocadinho para meu "terror"): valeu a pena ter no repertório 2 letras de canções pimbas decoradas, então não é que a Migalha adorou?
deve ser a minha cara de parva e os trejeitos que faço para as cantar (voz=zero, ouvido=moco, resultado=explosivo)

No meio da cantoria popular (fica melhor assim, para não ofender os verdadeiros artistas da nossa praça) uma pratada de papa, ora toma lá!

Desde aqui o nosso obrigado a todas as outras mães "cantoras", "artistas de variedades", "malabaristas", que contribuiram com os seus comentários para o sucesso desta nova abordagem ao momento mais temido do dia, a hora da papa (sopa)!

a televisão é que ainda não, e por agora continuo na mesma, não pretendo tão cedo apresentá-la à R.(mas o que é certo é que das vezes que consegue olhar para as imagens fica vidrada).

e amanhã é outro dia.

Feb 7, 2008

ponto de situação

hoje o dia acabou menos caótico.
hoje era dia de sopa (fazemos o esquema alternado, para controlar possíveis alergias), mas eu fiz batota.
a vontade era tão pouca que fiz a papa, mas como a meio me arrependi, sobretudo porque não quero a Migalha insuflada de papa (tipo boneco da Michelin), acabou por comer "sopa empapada", ou "papa ensopada", depende do ponto de vista.
aqueci a sopa e meti lá dentro duas solheres de papa, ficou uma argamassa doce de cenoura, alho francês, batata e papa.
e comeu, com a vontade possível que lhe é característica.
da próxima junto fruta em vez de papa.

da primeira vez que lhe dei papa à colher, sentei-a ao meu colo.
desisti logo.
enquanto não compro a cadeira para alimentação, come sentada na espreguiçadeira de frente para mim.
da primeira vez utilizei logo a colher, mas com grande ajuda da chucha, para que se habituasse ao vai e vem da colher, mas com o conforto de chuchar.
agora já domina bem a colher e a comida na boca, não cospe muito (apesar de "relinchar" imenso), o problema é que às vezes parece que se esquece e desata a chorar e só se cala com a chucha na boca.

passa o tempo agitada, mãos e braços sempre a mexer, nunca está quieta, só está bem na rua, não adormece com o carro em movimento a não ser que lhe dê o sono, fala fala fala grita grunhe, põe-se vermelha.
adora estar ao colo mas sempre na vertical a ver tudo, toma atenção a tudo, não escapa nada, não liga nada a colo "miminho", quer é movimento, ser abanada, cócegas, fingir que voa.

ri, pode estar no meio da birra mais miserável, que mesmo assim consegue sempre sorrir.

nunca falo muito da pediatra, ou das suas idas à consulta, porque graças a Deus tudo esteve sempre dentro do normal e porque tenho confiança absoluta.

a pediatra é a minha irmã, a tia dela, por aqui estou no mais absoluto descanso.

desejo-a maior porque o que mais me custa nos bébés é não entender o que querem, o que está mal, uma criança mais crescida pelo menos fala, nem que seja patetices, julgo que sera mais fácil de entender, mas claro posso estar enganada.

a maioria dos nossos "problemas" ou "dramas" diários, são culpa minha, eu é que devia ser mais paciente e sensata, mas debato-me o mais possível e não sou capaz de me acalmar a meio de uma crise, chego a gritar comigo, a zangar-me por ser tão estúpida (e digo mesmo estúpida, porque é o que me considero na maioria das vezes, porque perco a racionalidade).

a Rosarinho é uma graça de Deus, como qualquer bébé, só está a ser bébé.

temos momentos muito bons, e são mais que os maus.

damos muitas gargalhadas, adoro ouvi-la rir com as minhas patetices e sermos patetas as duas.

adoro vê-la brincar com o pai.

adoro como ela olha para nós.

adoro como ela olha para os nicos e eles para ela.

e quando digo à minha mãe ou à minha irmã que estou farta e elas me dizem "se não a queres dá-ma" compreendo que já nada seria possível sem esta Migalha.

e obrigada a quem nos lê e deixa conselhos e perde um bocadinho do seu tempo para nos confortar, são todos bem vindos, analisados ao detalhe e colocados na prática.

bom fim de semana

dito e feito

a Migalha começa a ir à creche a partir de Março.
a semana passada passei por uma creche, a que nós mais queriamos não tem vaga, tirei o número, ontem fiz a visita e hoje conseguimos a vaga que (SORTE DAS SORTES) estava disponível.
mas os dramas continuam... hoje de manhã (as manhãs são de loucos, quem me vê a sair do prédio deve achar que estou de partida para alguma viagem, tal é a quantidade de malas, malinhas, sacos e saquinhos... que nervos) gritaria por causa de um biberão, e novamente gritou ela, gritei eu, qualquer dia tenho os vizinhos a achar que na nossa casa somos todos doidos.
e o G. no Porto...

Feb 5, 2008

difícil

é muito difícil ser mãe de um bébé de 4 meses.
trabalhar sem horários, o que implica trabalhar pela noite dentro, ou ter a sensação de nunca parar de trabalhar, porque inclui estar a trabalhar de manhã, à tarde e à noite, ao sábado e ao domingo, aos feriados...
para cúmulo o G. voltou ao Porto, ou seja, 2 dias por semana não está cá.
por agora são 2 dias... da primeira vez, no nosso primeiro ano de casados era só por semanas, ficou 5 dias por semana durante 8 meses... a ver vamos.
a creche é uma opção cada vez mais a ser considerada, o mais depressa possível.
a R. continua péssima para comer, aceito a ideia de que não gosta de comer ou algo se passa, vamos voltar às análises.
começámos com a papa, e até correu bem, dentro do possível.
a pediatra avisou que com a sopa poderia ser mais difícil.
não é difícil, é o drama!
agora deu em fazer umas birras desgraçadas... parece que começa a ter fome, eu vou aquecer a sopa, para que seja tudo feito com muita calma, as 2 primeiras colheres cospe, engole, tudo bem, pode estranhar o sabor.
mas de repente desata num choro convulsivo, nada a acalma, tento com o biberão, nada, descabela-se, grita, parece que está a ser torturada... eu perco a paciência.
fico tão enervada, mas tão enervada.
não tenho mesmo paciência, fico fula.
a maioria das mães vai achar que eu sou a pior pessoa à face da terra, mas a minha paciência é nível zero.
eu sinto-me muito culpada, mas não consigo evitar, desejo-a mais crescida, não tenho paciência para bébés, não gosto desta fase, não gosto de me sentir assim, mas não consigo evitar.
tenho terror que ela perceba, que fique de alguma forma afectada, mas é superior às minhas forças.
faço o que posso.
a semana passada ficámos sozinhas a semana toda, correu bem, mas esta semana já está a começar mal... não dorme nada durante o dia, a não ser que esteja na rua.
em casa é para esquecer, está agitada o dia todo... persegue-nos o fantasma da hiperactividade...não quero acreditar... mas acho que a R. é uma criança hiperactiva...
a única coisa que continua a correr como sempre são as noites, às mil maravilhas.
vai para a acama às 9, acorda às 4 bebe o biberão (sôfregamente) e adormece até às 7 ou 8h, acho que não me posso queixar, foi assim desde que nasceu.
tenho tanto medo de ser uma má mãe...
hoje foi um dia menos bom.

 
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